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Somatopausa

     Crescer, sob o ponto de vista filosófico, é ir deixando a sombra de sonhos e ir se atrapalhando entre tarefas, regras, conceitos sociais e dúvidas. No meio disso tudo, surge de repente, escangalhando com a gente uma vontade danada de mostrar pra uma determinada pessoa que você existe, e nesse momento papai e mamãe não atrapalham exatamente, mas fica assim meio difícil o convívio, tem qualquer coisa na casa que torna melhor o retiro no quarto.Temos já algumas opiniões, que na verdade durante alguns anos são opiniões que escolhemos entre tantas, mas sempre dos outros, não deu tempo ainda de juntarmos fatos, fotos, filmes, pessoas, perdas e ganhos, misturarmos com nossa genética, com nossas regras, convívios e sei lá mais o quê e termos a nossa própria personalidade, caráter, que às vezes levados ao nível da coerência e respeito, podem não nos fazer ricos perante os homens, mas certamente nos farão mais necessários. A esse momento já nos aproximamos dos vinte anos, muito em nossa conduta vai modificar, mas quase sempre obedecerão aos dados acumulados, cresceremos nos conceitos por este ou aquele caminho, seremos tecnicamente mais perfeitos, para o bem ou para o mal. Por outro lado, nesse instante cessamos o nosso crescimento biológico, crescimento este que foi gerido por todo o período da citação filosófica, pelo Hormônio do Crescimento (GH), que a partir de então deixa a sua função de fazer crescer os tecidos do corpo em número e tamanho de células e passa a assumir um estilo Low profile, e em concentrações menos agudas participará de importantes funções no organismo até o fim da vida.

     O GH é produzido pela hipófise e convertido no fígado à sua forma ativa a Somatomedina C, por isso o título deste texto é Somatopausa, em alusão a deficiência da Somatomedina C, na deficiência do GH.

     Quando existe deficiência do hormônio do crescimento (GH) na infância, no interregno entre o nascimento e mais ou menos dezoito anos (nesta idade, em média fecham-se as superfícies de crescimento ósseo, processo ditado principalmente pelos níveis de hormônios sexuais), em não havendo reposição de GH, o nanismo é a regra. Existem critérios para reposição deste hormônio, sendo alguns absolutos e outros relativos. É indicação absoluta de reposição de GH, àqueles com deficiência total de GH, pois certamente o nanismo advirá e naqueles com deficiência parcial e com projeção de altura final inaceitável ou ao menos comprometedora ao convívio social. Indicações relativas ocorrem nos casos em que o indivíduo evolui em curva de crescimento abaixo ou bem abaixo da média, mas dentro de parâmetros aceitáveis ao convívio social, porém, é de vontade dos familiares ou dele próprio a busca por uma altura final maior que aquela ditada pela sua genética, tal situação é freqüente, porém é necessário que se diga, que tal conduta não é condenável eticamente, mas além de extremamente cara não é isenta da possibilidade de insucesso.

     Muito se discute quanto à reposição do GH no adulto, já que é sabido que entre o final da fase de crescimento e os 40 anos de idade a produção deste hormônio permanece em um platô, coincidente com a fase de melhor performance orgânica do indivíduo sob todas as óticas de observação, e a partir desta idade inicia-se um decréscimo progressivo da produção de GH em uma média de 10 a 15% por década, o que por sua vez coincide com a queda importante da performance e o surgimento de volumosa gama de enfermidades que aceitamos como própria da idade e como sendo o resultado da genética de cada organismo com as quase certas influências do meio ambiente. Porém esta evolução inexorável não é aceita por todos e na década de 1990 surgiram trabalhos científicos categorizando o GH como de grande valia na melhora da qualidade de vida do idoso, sem, contudo, contabilizar inequivocamente maior longevidade, até porque necessitamos de grandes amostragens para definirmos tal quesito.No ano de 1990, um trabalho publicado no New England of Medicine foi que deflagrou a idéia de que a reposição de GH em adultos poderia ser uma das chaves para uma melhora substancial na qualidade de vida à partir da quinta década , pois nesta primeira publicação, os indivíduos que participaram da pesquisa tinham mais que 60 anos, os quais recebiam diariamente doses subcutâneas de GH e ao final de 6 mêses foram reavaliados sob vários parâmetros e feitas as deduções, além da incrível disposição que estes pacientes passaram a apresentar, algo mais mensurável foi identificado, com o aumento de 12% na massa muscular e uma diminuição de 9% na massa gordurosa. A seqüência dos estudos ratificou os achados iniciais e vem a cada dia ganhando força no que tange à melhora de qualidade de vida nas idades mais avançadas.

     De maneira inversa, no mesmo tempo que recebíamos o alento quanto ao poderoso aliado, foi iniciada a especulação de que o GH deflagraria o aparecimento de cânceres, ou ainda favoreceria o aumento na velocidade daqueles pré-existentes, porém, em doses fisiológicas o que ocorre é provavelmente o contrário. Durante toda a nossa vida ocorre um constante embate entre o nosso sistema imunológico e células que perdem o senso proliferativo normal, assumindo postura cancerígena ou mais exatamente, iniciando um processo de replicação celular sem controle. Há algum tempo temos conhecimento da existência de células do sistema imunológico, matadoras naturais (Natural Killer-NK), as quais eliminam células iniciantes do processo tumoral e alguns trabalhos científicos demonstram que o GH tem relação com a boa performance das células NK.

     Ainda que todas as evidências sugiram que o GH seja um valioso aliado para boa parte dos pacientes idosos, e que devamos considerar tal terapêutica para a melhora de inúmeros parâmetros em nossas vidas, incluindo melhor performance física e sexual, infelizmente o custo de tal terapia, para a maioria das pessoas, é proibitivo.

     Penso ainda não haver sequer uma terapêutica isenta de riscos; o inocente ácido acetil salicílico encontrado em supermercados, padarias, bares, ainda que usado em doses pediátricas na prevenção do infarto do miocárdio, é causador não raras vezes de sangramentos volumosos, não sendo tão raro óbitos por tal complicação, por outro lado, quantos anos não foram conquistados por tantos outros que fizeram ou fazem uso do referido fármaco. De maneira mais objetiva, digamos que não existem investimentos totalmente isento de riscos.

 
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