Ainda não é ele
Autor: Adriana Dias Lopes
Depois de dez anos de estudos, a FDA, a agência responsável pela regulamentação de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, aprovou a comercialização de um novo comprimido anti-obesidade, a lorcaserina. A ser vendido sob o nome comercial de Belviq, este é o primeiro remédio para emagrecer autorizado desde 1999, quando foi dado sinal verde ao orlistat, princípio ativo do Xenical, fármaco com efeitos colaterais inconvenientes por agir diretamente no intestino. A lorcaserina foi recebida sem muito entusiasmo pelos especialistas.
A falta de ânimo é compreensível. Administrada duas vezes por dia. em doses de 10 miligramas cada uma, ela promove uma redução de 5,8% do peso corporal em um ano ? associada, compulsoriamente, a dieta e exercícios físicos. No mesmo período, sob as mesmas condições, as medicações existentes no mercado brasileiro promovem perdas maiores. Com a sibutramina, o remédio antigordura mais vendido no país, a diminuição é de pelo menos 7%. Com a liraglutida (ou Victoza), para o tratamento do diabetes. indicada contra os quilos em excesso pelos médicos, o impacto é de 10% a menos.
A lorcaserina age seletivamente no sistema nervoso central, estimulando a ação da serotonina, um dos neurotransmissores associados à saciedade. "O novo remédio oferece poucos efeitos colaterais", diz o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. As reações mais comuns foram enjoo e dor de cabeça, entre outras (veja o quadro). Durante os estudos clínicos, a lorcaserina não apresentou a mais perigosa das complicações dos remédios com ação sobre a serotonina. o aumento dos riscos cardiovasculares, como acontece com a sibutramina. Apesar disso, seu fabricante, a americana Arena Pharmaceuticals, se comprometeu a realizar um estudo de longo prazo para avaliar seu impacto na saúde do coração.
Atualmente, há oito medicamentos emagrecedores Dtonina, em análise na FDA. O mais promissor deles, cuja aprovação deve sair até o fim do a, alteração ano, é o Qnexa. A medicação traz em sua composição dois princípios ativos, o anorexígeno fentermina e o anticonvulsivante topiramato. A combinação faz com que o paciente perca até 14% de seu peso em um ano. Diz Freddy Eliaschewitz, diretor do Centro de Pesquisas Clínicas (CPClin): "Esse sim, é um remédio que fará diferença no tratamento da obesidade".
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