A tireóide é uma glândula que se encontra na parte anterior do pescoço, em forma de escudo, lembrando um pouco as formas de uma borboleta. Pesa em média de 8 a 15 gramas. O hipotireoidismo é a principal doença da tireóide e a principal causa desta patologia é a doença auto-imune da tireóide, situação na qual o sistema imunológico passa a agredir a glândula como se essa não pertencesse ao mesmo organismo. O sistema imunológico também participa como principal causa de hipertireoidismo, porém ao invés de provocar a destruição da glândula, estimula a tireóide a uma superprodução hormonal desobediente à fisiologia.
De tempos em tempos adentra ao consultório um paciente determinado em sua queixa: vim para resolver um problema da tireóide. A seqüência da consulta expõe a verdade, verifico que o paciente está ali por ganho de peso e não perdeu tempo em encontrar um culpado para a sua nova realidade.
Essa relação entre obesidade e tireóide é histórica e parece que nós médicos tenhamos participado na divulgação desse vínculo, é muito comum que a maior preocupação dos pacientes com diagnóstico de qualquer doença da tireóide seja a de perguntar: “esse problema é de emagrecer ou engordar”.
Vamos por partes. É verdade que a tireóide está diretamente relacionada com o metabolismo basal, que envolve diretamente o gasto energético, e se esta glândula não produzir seus hormônios a contento, estaremos diante do hipotireoidismo, com o organismo gastando menos energia e facilitando ganho de peso. Por outro lado, neste mesmo caso, essa diminuição do metabolismo basal pode precipitar depressão em pacientes com tendência a essa patologia e com isso diminuir importantemente a ingestão alimentar, compensando em parte o menor gasto, podendo mesmo vir a emagrecer, dependendo da aritmética final.
Ao contrário, pode haver aumento de peso mesmo na superprodução dos hormônios da tireóide, essa doença é denominada hipertireoidismo, onde comumente existe um aumento absurdo no metabolismo orgânico, às vezes com arritmias graves, insônia e exagerada freqüência de evacuações, entre uma série de outras alterações. Nestes casos o excesso de ingestão alimentar provocada pelo hipertireoidismo pode ultrapassar os gastos e resultar em ganho de peso.
Na verdade, nenhum estudo demonstrou haver mais problemas de tireóide em obesos do que em pessoas com peso normal, o que sabemos é que em pacientes obesos, a disfunção da tireóide é um fator complicador importante. Muito mais do que isso, disfunções da tireóide levam a tantas outras complicações, de modo que quando ocorrem alterações no peso, temos problemas de sobra para resolver em outros sistemas. É o caso das alterações em ciclos menstruais, infertilidade, abortos recorrentes, depressão, perda da libido, queda de cabelos e um universo enorme de situações nas quais se insere também a obesidade.
A busca por disfunções da tireóide, assim como a procura por nódulos nessa glândula, deve ser feito rotineiramente, pois é sabido que as doenças da tireóide, de regra, são extremamente silenciosas, e às vezes ao diagnóstico muitos danos já foram causados.
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