Assim como a moda alterna tendências entre uma e outra estação, estamos cada vez mais acostumados às chamadas dietas “fashions”, que nada mais são que criações de agrupamentos inusitados de alimentos, que ganham fama preferencialmente quando uma pessoa pública declara sucesso no emagrecimento com a utilização do tal modelo de ingesta alimentar.
A verdade sempre será o que cada um acredita, não serei eu a martelar impiedoso alguns modelos alimentares, justamente eu que entendo que ninguém é rei por obra do acaso. Pra não estender e correr o risco de ferir a assertiva anterior, comentarei uma dieta não balanceada que sem dúvida é a mais consagrada e conhecida pelo mundo afora, a chamada Dieta sem Carboidratos, conhecida também por Dieta do Doutor Atkins. Esta dieta propõe o consumo exclusivo de proteínas e gorduras, excluindo os carboidratos em qualquer uma de suas versões. O velho Atkins não era desprovido de argumentos como alguns escancaram, mas não tomava o cuidado de criar protocolos para o uso comedido, do que talvez até seja um recurso temporário no emagrecimento, em pacientes selecionados. Ainda que eu entenda que a sustentabilidade de uma dieta desse perfil não seja tarefa fácil, o resultante emagrecimento é obtido à partir da dificuldade criada pelas proteínas e gorduras na sua utilização pelo corpo humano. Os carboidratos são rapidamente absorvidos após a ingesta alimentar, sendo que o açúcar livre é absorvido de imediato, o amido como por exemplo aquele encontrado nos pães e macarrão são absorvidos quase na mesma velocidade, enquanto que carboidratos de absorção mais complexa como aqueles das verduras e legumes cozidos podem levar algumas dezenas de minutos até a sua total absorção. Ou seja, uma dieta rica em açucares é rapidamente absorvida e este açúcar instantaneamente é utilizado ou armazenado na forma de gordura em nossos depósitos, o que faz com que rapidamente surja o sinal da fome. Porém, se os carboidratos são compostos somente por Carbonos e Hidrogênio, as proteínas e gorduras também possuem estes dois elementos químicos, porém associados a nitrogênio no caso das proteínas ou radical hidroxila no caso das gorduras. Ou seja, se o organismo for capaz de fabricar carboidrato e souber retirar a matéria prima de proteínas e gorduras não vai faltar carboidrato. E todos nós somos capazes disto, porém, isto demanda tempo e gasto calórico, sendo justamente este conjunto de situações que é buscado na utilização de tal dieta. Pois, enquanto o organismo se esforça em fabricar carboidrato a partir desta extração, ele se apropria primeiramente de suas reservas para obter a energia, sendo aí consumidos os depósitos de gordura. A questão é, que se agrada a alguns a visão de bacon, ovos, carnes, lingüiças, a estes mesmos de imediato surge a idéia de farofa, pães, arroz e neste caso “é largar ou largar”. Adicionalmente aos riscos dos desequilíbrios agudos em itens como colesterol, triglicerídeos e acido úrico, o próprio indivíduo passa a dar mostras de insustentabilidade com relação ao modelo alimentar.
Variações menos dramáticas desta dieta foram feitas e expressas sob vários nomes, como por exemplo a dieta de South Beach. Outras dietas com menor suporte explicativo, às vezes beiram ao mítico, como por exemplo a dieta do tipo sanguíneo, que até o presente momento não apresenta sequer um ensaio clínico retirando o tal modelo do campo do imaginário. Algumas relacionam dietas à horóscopos e afins. Na verdade, nenhuma dieta deve suprimir grupos alimentares, sob pena de danos orgânicos e quando não, danos psicológicos. Comamos de tudo, com moderação, sem a qual a pena neste caso será exercícios exaustivos, dietas de baixíssimas calorias e por vezes medicações.
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