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Medicina: Quem diria... - Revista Veja - 18/09/2013
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No organismo masculino, o estrógeno é um subproduto da testosterona. No estudo de Massachusetts. foram avaliados dois grupos de pacientes. O primeiro recebeu reposição de testosterona comum, a que se converte em estrógeno. O segundo, a substância associada a um medicamento que impede a transformação da testosterona no hormônio feminino. O resultado do estudo mostrou que, no primeiro grupo, o impacto do estrógeno sobre o desejo sexual masculino supera o da testosterona. Verificou-se, também, que o estrógeno é mais decisivo para evitar o depósito de tecido adiposo do que a testosterona.

Em 1935. quando dois químicos, o alemão Adolf Butenandt e o croata Leopold Ruzicka, desenvolveram uma versão sintética da testosterona. o hormônio masculino, deu-se um fenomenal passo na compreensão dos mecanismos de funcionamento do metabolismo do homem. Abriu-se então uma avenida de descobertas. No organismo masculino, a testosterona é trinta vezes mais abundante do que no corpo da mulher. Produzida principalmente pelos testículos, ela está associada ao comportamento e às características físicas que determinam a constituição do homem. Se o sexo masculino é mais musculoso. mais fone e mais peludo do que o feminino, o responsável é a testosterona. É por meio dela que eles acumulam a energia do desejo sexual, e sem ela não haveria espermatozoides. Quase oitenta anos se passaram e o que parecia improvável aconteceu. Um estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts. em Boston, nos Estados Unidos, e divulgado pela revista científica americana The New England Journal of Medicine, revela que (surpresa!) boa pane dos atributos masculinos se deve na verdade ao hormônio feminino. o estrógeno. Sim. a substância responsável pela feminilidade, pela voz tina. pelas formas arredondadas das mulheres participa de qualidades essenciais à masculinidade. O estrógeno é primordial na queima de gordura e na libido do homem. "É uma extraordinária reviravolta em antigas certezas", diz o endocrinologista Rafael Loch Batista, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Os pesquisadores americanos usaram como matéria-prima de estudo o estrógeno naturalmente fabricado pelo organismo masculino. O homem produz. em média. 0.00000000003 grama por mililitro de sangue de estrógeno, quantidade dez vezes inferior à produzida pelo organismo feminino. Cerca de 20% do estrógeno circulante no homem é fabricado pelos testículos. O restante é f subproduto da testosterona. nas células de gordura. "O trabalho de Massachusetts 6 de um primor absoluto", diz o endocrinologista Freddy Elias-chewitz. diretor do Centro de Pesquisas Clínicas (CPCIin). de São Paulo. Todos saudáveis, os 400 homens participantes da pesquisa tinham entre 20 e 50 anos. Durante o estudo, eles foram submetidos a uma castração química ? mediante o uso de medicamentos. tiveram a produção de testosterona temporariamente suspensa. Com a produção do hormônio reduzida a zero. eles. então. foram divididos em dois grupos. Metade dos voluntários recebeu testosterona e tomou um medicamento para interromper a conversão do hormônio em estrógeno na gordura. Eles tinham, portanto, apenas testosterona circulante em seu organismo. A outra metade foi submetida a doses de testosterona comum ? aquela que se converte em estrógeno. Dessa forma, os pesquisadores conseguiram determinar com precisão o impacto do hormônio feminino entre os homens. Os dois grupos foram submetidos a quatro doses diferentes de hormônios, diariamente. A via de administração foi o gel. mais seguro do que as injeções, por não ser metabolizado no fígado.

As conclusões dos pesquisadores de Massachusetts estimulam uma das discussões mais acaloradas na endocrinologia. a da reposição hormonal para o sexo masculino. Diz o endocrinologista Eliaschewitz: "Em tese. o trabalho deixa claro que em alguns casos o tratamento de reposição hormonal seria mais preciso se pudesse ser feito diretamente com estrógeno. em vez de testosterona". Isso por enquanto é impossível ? a não ser que se quisessem homens de voz tina. quadris largos e mamas. "Hoje. basta uma dose diária de estrógeno equivalente a uma pílula anticoncepcional para o homem se feminilizar", explica o endocrinologista Loch Batista. Os transexuais, que buscam a transformação, chegam a tomar dez pílulas diárias para mudar suas características físicas. A polêmica em - GH O que é Secretado pela hipófise , e conhecido como o hormônio do crescimento, estimula a divisão celular e equilibra a distribuição de gordura no organismo Início da queda Começa a baixar por volta dos 30 anos. Aos 55, os níveis de GH tendem a ser 70% menores em relação ao que eram na juventude Efeitos da reposição Um a cada dez homens é candidato à reposição de GH. A suplementação. feita por meio de injeções, deve ser controladíssima pelo médico. Em excesso, o hormônio pode estimular o crescimento de tumores existentes. Estudos iniciais têm testado compostos que levam a hipófise a liberar GH.Tal mecanismo de ação ofereceria menos efeitos colaterais torno da reposição hormonal masculina começou na década de 40. logo depois da primeira versão da testosterona sintética. portanto. Na ocasião, fisiculturistas americanos passaram a usar esteroides anabolizantes com doses concentradas de testosterona para aumentar os músculos. Mais tarde, por volta dos anos 80. fora das academias, cinquentões recorreram à substância para combater sintomas do envelhecimento, como a perda de massa muscular, a baixa na libido. o ganho de gordura corporal e a depressão. Atualmente, no Brasil, a venda de testosterona. assim como de outros hormônios, é permitida mediante a retenção da receita médica pela farmácia. No entanto, é possível comprar tais produtos pela internet, com alguma facilidade. O uso indiscriminado é um perigo ao organismo. Um deles é a impotência sexual, causada pela atrofia dos testículos, as fábricas de testosterona no organismo. Outro é o aumento no risco de câncer hepático. pela sobrecarga que a substância pode causar ao ser metabolizada no fígado. A reposição só é indicada se o paciente apresentar quantidades aquém das consideradas saudáveis para a sua idade.

Poucos homens têm a indicação de receber doses extras do hormônio. O organismo masculino atinge o pico de produção de testosterona aos 20 anos. As taxas se mantêm estáveis até por volta dos 40 anos. "A partir de então, perde-se. em média. ao ano", diz o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento. Chega-se aos 70 anos. portanto, com cerca de metade do hormônio em relação ao que se tinha na juventude. É a andropausa, a menopausa masculina. Diferentemente do que ocorre com a mulher, entre os homens, a queda hormonal se manifesta de forma lenta e gradual. O estudo publicado no The New England Journal of Medicine ratificou ainda uma recente descoberta nesse campo. O primeiro sintoma da andropausa é o ganho de peso ? justamente um dos efeitos da baixa de estrógeno nos homens.

 
 
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