Há milhares de anos atrás, a sobrevivência requeria muito mais que organização pessoal quanto a gastos e ganhos, dependia da sazonalidade de produtos, fossem eles animais ou vegetais. Determinada fruta estava presente em certos locais e por um determinado período de tempo. Animais utilizados no consumo alimentar às vezes escasseavam ou desapareciam de determinado local. Tudo isso levava à necessidade da vida nômade pelos povos deste passado distante, até que estes se estabelecessem em organizações fixas, hierarquizadas, produzindo seus próprios alimentos. As primeiras organizações deste tipo que temos conhecimento são aquelas que ocorreram entre os rios Tigres e Eufrates (Mesopotâmia) e às margens do rio Nilo (Egito). Ainda assim, os grandes períodos de escassez alimentar não deixaram de existir.
Ser gordo nestes tempos era improvável, salvo no topo da pirâmide, porém a capacidade de ficar gordo em tempos de fartura pra resistir aos tempos de escassez era uma grande virtude. Daí vem o entendimento de que a capacidade de engorda da sociedade moderna pode mesmo ter sido um ganho adaptativo fornecido pela seleção natural, onde magros tinham menor resistência à grandes períodos de escassez e os gordos suportavam tais períodos às custas de grandes bolsões de gorduras contidos em seus corpos. A tal vantagem não existe mais na maior parte do planeta e em países desenvolvidos ou emergentes a obesidade é um grave problema de saúde pública.
Admitindo o já exposto, vivemos o resultado da transmissão genética dos potencialmente gordos através dos tempos e continuamos a transmitir a tal vantagem a nossos filhos. Bem verdade, que o chamado “gordo genético”, perfaz 20 a 30 % da multidão de gordos pelo mundo afora, estes pra se manterem dentro de um peso aceitável realmente sofrem, ou admitem a obesidade. Porém, os outros 70 a 80 % do “mar de gordos” pelo mundo afora possuem o potencial genético da engorda, é permitido a estes ganhos de peso variáveis, de acordo com a insistência pela ingesta. Para estes indivíduos potencialmente gordos, é provável que existam gatilhos ditados pela genética, que podem ser apertados por vários caminhos, entre estes caminhos estão o stress, os distúrbios comportamentais, a exposição contínua a certos alimentos (aí entram as gorduras hidrogenadas e carboidratos dos Fast Foods) e talvez a certos estados orgânicos como a gravidez. Claro que tudo isso é bastante piorado pela inatividade física.
Os magros genéticos, ou seja, aqueles com perfil de magreza resistente, mesmo quando estes são afeitos às grandes ingestas alimentares, são muito menos freqüentes que aos gordos causam admiração na multidão alvoroçada pelo emagrecimento.
Em uma conclusão lúcida, podemos anotar que a obesidade é mesmo uma doença plurifatorial, onde 20 a 30 % dos obesos, mesmo em sociedades nas quais alimentos processados não estejam entre os preferidos, terão lutas travadas com suas intimidades genéticas pra se estabelecerem em patamares aceitáveis de peso quanto à estética e/ou saúde. Por outro lado, os outros 70 a 80 % de obesos, estabelecem uma relação evitável de causa-efeito entre genética e meio ambiente, que nem sempre é reversível e na maioria das vezes, uma vez estabelecido determinado quantidade de massa gordurosa, para sempre é iniciada uma luta contra este perfil gorduroso à maior.
Existem ainda, doenças que podem resultar em obesidade, tais como: Hipotireoidismo (ver nesta seção), Doença de Cushing entre outras.
Esqueçamos pois, a idéia de que a obesidade é uma simples equação matemática entre o que se ingere e o que se gasta, ainda que isso seja verdade em uma avaliação simplista, todos os fatores que estão envolvidos entre estes dois extremos, incluindo o que não é absorvido e o que é armazenado, formam um emaranhado de possibilidades que na sua tradução geram um indivíduo gordo ou não.
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