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Anorexia e Bulimia

     Estes dois distúrbios alimentares, ganharam mesmo notoriedade no ano de 2006 devido a dois fatos básicos: presença de um personagem com Bulimia no programa de maior índice de audiência da televisão brasileira, a novela das 8 da rede Globo de televisão, e a ocorrência de dois óbitos em pacientes com Anorexia Nervosa, mais exatamente, duas lindas modelos fotográfica que não pertencem mais a este plano, resultado desta doença.

     Não são doenças novas, mas provavelmente sem os citados 2 fatores desencadeadores da notoriedade aguda destas doenças, estaríamos com estas patogias nos mesmos guetos que se encontram outras doenças graves mas sem observação popular. Bom e ruim. Bom, que assim como outros transtornos de comportamento, aparentemente incomuns em nosso meio e bastante insidiosos em sua apresentação, estas doenças necessitam que pensemos em suas possibilidades para chegarmos ao diagnóstico. Ruim, porque em alguns aspectos, formalizamos ainda mais a frente de batalha contra os preocupados em não serem gordos. Não nos esqueçamos que a obesidade é a condição que mais se relaciona com o patrocínio de doenças cardiovasculares, metabólicas e resultantes de comprometimento osteoarticular, sem citar o favorecimento a alguns tipos de cânceres.

Anorexia Nervosa

     A Anorexia Nervosa, é na essência, um distúrbio comportamental, e na prática os pacientes apresentam-se abaixo de 17,5 de IMC (Índice de Massa Corpórea-ver testes e tabelas). O paciente apresenta comprometimento quanto à sua auto-avaliação ponderal, nunca está magro o suficiente. Ainda que acometa mais mulheres que homens, a condição é encontrada também no sexo masculino, porém o componente constitucional parece ser preponderante, ou seja, existe a predisposição genética na maior parte dos casos, algo como dizer, não basta querer ter Anorexia Nervosa, é necessário poder. É muito provável que o absurdo padrão estético criado e adotado mundo afora seja agente indutor deste processo naqueles predispostos à doença, entendendo que o grande “Boom” quanto à faixa etária para o surgimento da doença ocorre na adolescência e no adulto jovem, com incidência nitidamente mais pronunciada naquelas pessoas que perseguem carreira nas quais padrões de beleza estão já estipulados.

     Não existe de fato uma perda de apetite e sim a negação à ingestão alimentar, por vezes estes pacientes buscam literaturas gastronômicas, com receitas extremamente elaboradas, não sendo incomum a busca por serviços em restaurantes, uma luta insana pra se garantir como resistente à qualquer tentação. Interessantemente, estes pacientes à medida que emagrecem se tornam mais radicais, não existindo um arrefecimento na intenção do emagrecimento à medida que este ocorre. O emagrecimento com a negação da intenção deste é o mais clássico, às vezes os familiares vêem a feitura de pratos com grandes quantidades de alimentos e o anorético se dirige a algum local com a desculpa da televisão, do sossego ou de afazeres, e sem que ninguém veja, joga os alimentos fora. De qualquer maneira, o paciente emagrece vertiginosamente, podendo tornar-se esquelético. No caso das mulheres 90 % tornam-se amenorréicas (sem menstruação), sendo este um dado importante. A presença do médico é indispensável, e raramente o paciente procura o médico pelo emagrecimento, e quando é o próprio paciente que procura por assistência médica, o motivo básico não é o emagrecimento e sim alguma condição associada. O tratamento sempre inclui terapia farmacológica, a qual o médico assistente pontuará o mais adequado.

Bulimia Nervosa

     Ainda que rotineiramente a Bulimia seja abordada conjuntamente à Anorexia Nervosa, e que, em algumas oportunidades a Bulimia Nervosa seja seqüenciada pela Anorexia Nervosa (provavelmente apertando o gatilho para o desenvolvimento da Anorexia naqueles predispostos), tendo ainda fatores geradores semelhantes (desejo e/ou necessidade de corpo esbelto), as conseqüências são distintas para estes dois distúrbios de comportamento. Adicionalmente, a predisposição genética para a Bulimia também existe, porém mais relacionada a ascendentes para depressão que outros distúrbios comportamentais.

     O paciente bulímico tipicamente ingere grandes quantidades de alimentos, de regra muito calóricos, e mergulha em um sentimento de culpa, criando compensações para o feito, provocando vômitos e ou diarréias, podendo ainda exagerar em exercícios ou se punir com longos períodos de jejum. Na maior parte das vezes não apresenta perda ponderal importante, o que dificulta o diagnóstico. Quando a doença se torna crônica, são comuns a esofagite, perda do esmalte dos dentes (principalmente em sua porção interna), inflamações freqüentes na garganta, itens resultantes de vômitos provocados, que podem gerar também dores e fraquezas musculares, que podem também serem decorrentes de diarréia ou diurese induzida por diuréticos, ou até mesmo exercícios exagerados. O surgimento de fissuras anais e hemorróidas podem ser resultantes dos episódios diarréicos.

     O tratamento pode incluir o uso de fármacos, porém verificam-se ótimos resultados apenas com o tratamento psicológico.

 
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