Envelhecer bem e devagar, fazer com que os anos consumam menos de nossas células, de nossa vivacidade, manter interesse e prazeres ativos, indeléveis até o suspiro final.
Em uma primeira observação, a questão é puramente matemática. No entanto, se observamos os asilos, as casas de repouso - de luxo ou não - encontraremos seres humanos com idade elevada e, na maioria das vezes, com relacionamento interativo e trocas com o meio que os circunda bastante prejudicados, quer por demência, quer por seqüelas de derrames. Envelhece-se assim também.
Está claro que o envelhecimento celular é multifatorial. Trazemos em nosso código genético um programa molecular de senescência celular. Fatores ambientais adversos, porém, levam uma continua intromissão na sobrevivência da célula. É provável que tais fatores passem a resultar em lesões subletais nas células, que com o passar dos anos podem morrer ou ter sua capacidade funcional diminuída.
São muitos os conhecidos hábitos que levam ao envelhecimento precoce: o fumo, a falta de atividade física, a atividade física estressante, os padrões do sono comprometidos, e muitos são os alimentos questionados dia a dia, quanto à capacidade de favorecer o retardamento ou aceleração do envelhecimento.
Radicais livres – oxidação celular
Substâncias ingeridas, inaladas ou resultantes do metabolismo e da exaustão orgânica, que interferem numa maior produção de radicais livres, aceleram o envelhecimento celular, e as substâncias que diminuam a presença celular destes radicais livres, retardam o envelhecimento.
Os radicais livres são espécies químicas que tem um único elétron não pareado num orbital externo. Nesta situação essas estruturas são extremamente reativas e instáveis, pois participam de reações químicas com várias moléculas importantes na vida da célula, e especialmente reagem contra as estruturas da membrana celular e dos ácidos nucléicos (DNA e RNA). É assim que esses radicais livres reduzem a função e o tempo de vida das células. É mais ou menos como ir enferrujando a célula até que esta sucumba. O superóxido, o peróxido de hidrogênio e os íons hidroxila são os três principais radicais livres, resultado da produção inadvertida de oxigênios intermediários na célula. De maneira mais didática, o oxigênio tão vital para a vida, quando em formas intermediarias (radicais livres), leva à aceleração do envelhecimento. E as situações que podem favorecer a formação destes radicais são várias. Em última análise, substâncias que aumentam a população de radicais livres na célula, levam a uma oxidação celular, tal qual acontece em compostos metálicos. Daí, a importância e a fama dos compostos antioxidantes adquirida nos últimos tempos.
Neste tema, cabe dissertar sobre a dieta do Mediterrâneo. Em pesquisa publicada no “The New England Journal of Medicine” (2003), pesquisadores liderados por Antonia Trichopoulou, docente da University of Athens Medical School, demonstrou que indivíduos que seguiam rigorosamente a dieta mediterrânea tinham um risco de 25% menor de morrer de males, como doença cardíaca e câncer, que aqueles que seguiam uma dieta de estilo ocidental. Estes achados conseguidos com a avaliação de padrão alimentar de 22.000 gregos adultos sustentam achados de pesquisas anteriores sobre os benefícios da dieta mediterrânea à saúde. Esta dieta é definida por um alto consumo de peixes, pães, massas, sendo o azeite de oliva a gordura principal e o vinho, parte integrante dessa dieta.
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