Estudo realizado pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Franca, São Paulo, revelou que 15,82% das crianças pesquisadas, entre 7 e 10 anos, apresentam sobrepeso. Todos são alunos de 18 escolas selecionadas na rede municipal de ensino. O índice encontrado está dentro da média no Brasil, mas preocupa médicos e educadores porque o problema surge cada vez mais cedo.
Entre os 6.707 estudantes que fizeram parte do levantamento, 1.061 (484 meninas e 577 meninos) têm sobrepeso, mas também foram encontradas crianças abaixo do peso. Todos os casos mais graves – 120 crianças obesas e 72 com baixo peso – serão acompanhados por profissionais de saúde. A pesagem foi realizada pelos professores entre agosto e setembro de 2009, durante as aulas de educação física.
Mudança Comportamental
A nutricionista Fernanda Pisciolaro, membro do Departamento de Psiquiatria e Transtornos Alimentares da ABESO, comenta que, de fato, “diversos estudos têm apontado um aumento progressivo no sobrepeso e obesidade, especialmente em crianças e adolescentes de escolas particulares”. Segundo ela, o aumento revelado em grandes proporções também nas escolas públicas “reflete uma mudança comportamental, de oferta inadequada de alimentos em casa e redução de atividades físicas, principalmente as lúdicas e informais”. Ou seja, brincadeiras, jogos de bola, caminhadas etc.
A especialista prossegue afirmando que “uma das causas da obesidade é o fraco vínculo das crianças e adolescentes com a família, que compartilham cada vez menos os momentos de preparo e consumo alimentar”. A Dra. Fernanda Pisciolaro comenta que “vários trabalhos têm demonstrado melhor eficácia no tratamento da obesidade infantil e do adolescente quando existe a participação efetiva da família”.
O Papel dos Pais
A coordenadora de merenda Thaís Machado, da rede municipal de Franca, SP, concorda com a nutricionista quando diz que “a orientação nutricional deve ser levada adiante para atingir também os pais porque senão nada adianta se a criança comer à vontade em casa”. Por isso, criou-se um programa de alimentação em sala de aula que será estendido aos pais dos escolares.
Mas a influência da família não para por aí. Segundo a nutricionista Fernanda Pisciolaro “também já foi demonstrado que uma redução no Índice de Massa Corporal (IMC) dos pais se associa positivamente à redução do IMC dos filhos, e que, quanto antes o problema for detectado e tratado, melhor é sua evolução”, conclui.