Num momento em que a eficácia e riscos dos medicamentos anti-obesidade são discutidos, destaca-se como opção a inibição de absorção de gordura
Quem está acima do peso acompanha os noticiários como se assistisse a uma novela, onde o enredo é a sua própria vida. Quando a chegada de um novo medicamento para emagrecer é anunciada, o coração salta de alegria. O drama começa, porém, quando os riscos e eventos adversos causados começam a superar a eficácia. Depressão e suicídio são alguns deles. Para quem cansou deste dilema, a notícia boa é que dá sim para emagrecer sem arriscar a própria vida. Há tratamentos para combater a obesidade com mecanismo de ação diferenciado, que sequer interagem com o sistema nervoso central. É o caso do chamado inibidor de gordura, o orlistat, disponível no mercado há quase dez anos com índices de sucesso e segurança comprovados através de dezenas de pesquisas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a obesidade, problema que acomete mais de 10% da população brasileira, é a principal epidemia do século XXI. Mais de 27 milhões de brasileiros são obesos e pelo menos 1,5 milhões são obesos mórbidos. Os dados são tão alarmantes que a doença se transformou em um problema de saúde pública, mais grave que a desnutrição. Além disso, o excesso de peso é o ponto de partida para o desenvolvimento de outras enfermidades graves como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares. Os tratamentos disponíveis são muitos, mas seus diferentes mecanismos de ação devem ser muito bem avaliados para que os riscos não superem os benefícios . Uma reeducação alimentar é sempre um fator essencial em um programa para perda de peso. É preciso ficar atento, pois alimentos com a mesma quantidade de calorias podem ter quantidade de gordura diferente.
Praticar atividades físicas também faz muita diferença quando o objetivo é baixar o ponteiro da balança. A ajuda de um especialista é sempre muito importante: além de dicas de alimentação, só ele será capaz de indicar a necessidade e a melhor opção de medicamento para emagrecer.
Tratamento seguro
Antes de entender como age qualquer tratamento para a obesidade, é preciso saber como o corpo acumula gordura, macro nutriente que mais engorda e responsável pelo surgimento das doenças associadas, como o diabetes tipo 2. “O corpo humano produz uma enzima chamada lipase, substância responsável pela quebra das moléculas da gordura que ingerimos. Quando a lípase entra em ação, as moléculas quebradas são absorvidas pelo intestino e podem acumular-se no tecido adiposo”, explica o vice-presidente para América Latina da International Association for the Study of Obesity e professor associado da PUC-RJ, Dr. Walmir Coutinho. Para combater diretamente esses vilões, o orlistat, conhecido como Xenical, neutraliza a ação da lipase, impedindo a entrada de cerca de 30% da gordura para dentro do organismo. “Além disso, o medicamento trata doenças relacionadas, diminui o colesterol, abaixa a glicemia e melhora a constipação intestinal”, afirma o médico.
Outro especialista no assunto, o Chefe do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas e Professor Livre-Docente da USP, Dr. Alfredo Halpern, também acredita na eficiência e segurança dos inibidores de gordura. “O orlistate não atinge o sistema nervoso central, o que significa que ele não causa alterações psiquiátricas, que podem ocorrer com os outros remédios anti-obesidade. Esse fator garante bem-estar e segurança durante o processo de emagrecimento”, diz o médico. Sobre os efeitos colaterais do oslistate, o Dr. Alfredo é enfático. “O medicamento acaba sendo um ótimo educador alimentar. Se o paciente estiver comendo errado, com uma dieta rica em gorduras, ele vai sentir uma brusca mudança do hábito intestinal. Por isso é muito importante alimentar-se corretamente para alcançar o sucesso”, explica.
O Xenical é o único medicamento de referência para tratar a obesidade através deste mecanismo periférico. Sua eficácia e segurança já foram comprovadas em mais de 100 estudos em todo o mundo e mais de 100 países o comercializam. Cerca de 30 milhões de pacientes já foram tratados com ele desde 1998, quando foi lançado. Só no Brasil são mais de 4 milhões de pacientes tratadas com Xenical. O medicamento torna possível a redução de até aproximadamente 8 quilos em três meses. Aliado a uma dieta saudável e prática de exercícios físicos, não costuma causar efeitos colaterais.